quarta-feira, 11 de novembro de 2009

E se os Padres casassem?




Eis que, num ápice, a questão dos casamentos homossexuais volta a ser assunto. E, neste país de brandos costumes, altos moralismos e confrangedora previsibilidade, sempre que se fala neste assunto já sabemos o que por aí vem: Uma conferência de Bispos, uma declaração do CDS e uma reacção eufórica do lobby gay, usualmente plasmada nas páginas dos jornais de referência.


Assim, a única novidade nesta discussão é que parece que, desta vez, há vontade política em concretizar a intenção de legalizar o casamento homossexual.


No restante, voltam as intenções dos senhores Bispos, clérigos e respeitosos CDS's (seja formalmente ou travestidos em movimentos cívicos e/ou de cidadania) de realização de um referendo, com o único propósito de, sob a base de 20% (ou menos) dos votos dos cidadãos eleitores, adiarem a aprovação desta lei.


Ao mesmo tempo em que assistimos aos arautos da igualdade a radicalizarem o discurso e assumirem este assunto como uma prioridade nacional e uma questão de igualdade suprema.


Assumo que tenho muita dificuldade em discutir esta questão nos termos em que ela se encontra formulada.


Em primeiro lugar, porque temo que a discussão em torno do casamento gay se torne mais numa questão de afirmação de um certo gay pride, do que numa previsão efectiva de igualdade de direitos. Parece-me que se discute mais a possibilidade de um casal gay entrar de véu e grinalda na igreja, do que a garantia às uniões homossexuais dos mesmo direitos conferidos às uniões civis (mesmo aquelas que se materializam em casamentos civis e/ou católicos), como os direitos sucessórios. E, assim, não brinco...


Por outro lado, querer acenar com referendos nesta questão é, pura e simplesmente, procurar chuta-la para canto, adia-la (já que todos sabem que ela será uma realidade mais cedo ou mais tarde), até ao ponto em que, como no aborto, seja insustentável que não olhemos para ela com seriedade. Não acreditando na inocência e na bondade, acredito que, para a Igreja, esta discussão está colocada num plano de afirmação, de poder e de influência que procuram manter. E, neste contexto, vou cometer a heresia de não entrar em campo...

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