sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Este fim de semana há Banco Alimentar



Este fim de semana há Banco Alimentar.
Todos somos interpelados a ajudar quem mais precisa.
Nestes tempos de crise, mais do que de dinheiro é necessário homens.
Homens e mulheres que no meio das dificuldades e das adversidades causadas pelas circunstâncias olham em frente e sabem que o futuro, a esperança para as suas vidas está em viver cada dia como se fosse o primeiro.
Pessoas que sabem que a saída da crise far-se-á se houver um mais de humanidade.
Este fim de semana todos temos a possibilidade de ajudar, de dar um pouco do que é nosso a quem não tem nada, de nos dar-mos a darmos ao mundo a humanidade de que ele precisa para retomar da crise.
Assim, quando formos ao supermercado, dê-mos o que temos de melhor em nós, nem que seja apenas um sorriso a quem nos estender um saco do Banco Alimentar.
Esse sorriso simbolizará o tudo que nos gostaríamos de dar.
E o mundo mudará.



terça-feira, 24 de novembro de 2009

25 de Novembro Sempre!

O 25 de Novembro de 1975, tem sido uma data muitas vezes esquecida na transição para a democracia em Portugal.
É claro que o processo de transição começou em 74, com o 25 de Abril, mas nos tempos agitados que se seguiram do PREC (Período revolucionário em curso), houve a tentativa de instaurar um novo regime totalitário, desta vez de esquerda.
Sem querer entrar muito nos factos históricos, penso ser importante perceber a grande relevância que esta data teve em todo este processo.
Depois de um período de disputa pelo poder político-militar, que abrange todo o Verão de 1975, as forças democráticas (PS, PSD e CDS, na ala partidária, os moderados do Movimento das Forças Armadas, o MFA, liderados pelos Grupo dos Nove, e a Igreja Católica), que lutavam por uma democracia do tipo europeu, e as forças pró-comunistas (PCP, extrema-esquerda e a Esquerda Militar), que procuravam impor ao País um regime autoritário próximo do dos países comunistas, enfrentaram-se em Lisboa.
Houve uma tentativa de golpe militar por parte da esquerda militar radical. Em resposta este golpe realizou-se um contra-golpe levado a cabo pelos militares da ala moderada, na qual se enquadravam, entre outros, Jaime Neves e Ramalho Eanes. Este contra-golpe permitiu que o Governo chefiado por Pinheiro de Azevedo se mantivesse em funções.

Para se perceber a importância desta data, aqui fica um excerto de uma intervenção do então Embaixador dos EUA em Lisboa, Frank Carlucci, no Congresso dos EUA em 1977.

«(...)tem sido uma experiência muito inspiradora observar um país a emergir de 50 anos de ditadura, separar-se de um dos mais vastos impérios coloniais do mundo, estar à beira de uma nova forma de totalitarismo e recuperar através da vontade do povo – e sublinho isto, porque, em retrospectiva, foram claramente as eleições livres o ponto de viragem na situação portuguesa – para ver instituições democráticas estabelecidas e os militares regressarem voluntariamente aos quartéis e para as suas missões profissionais. Sublinho que isto foi feito num período de dois anos sem qualquer derramamento significativo de sangue. Parece-me que é um caso único na história do mundo»

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Obama e o desejo de Ícaro



O mundo está histérico com Obama!
Primeiro rendeu-se o povo dos Estados Unidos, depois o mundo inteiro viu nele um redentor e agora a Academia sueca atribui o prémio Nobel pela esperança que este homem trouxe ao mundo!
Os democratas americanos e os socialistas europeus deliram com tamanha profecia.
Finalmente na terra do sonho americano e antro do capitalismo há uma esperança para que o Estado possa vir a impor o seu poder.
Qual China, qual Rússia, qual Brasil ou qual Cuba?
O socialismo vencerá e a renovação virá do coração da América, corrompendo o imperialismo a partir de dentro.
E para comprovar que se trata de um verdadeiro bem para a humanidade, a tão ilustre, impoluta, reputada e isenta Academia sueca dá a sua benção em nome da Humanidade.
Esta história que, ao que parece, há muito deixou de ser um conto de fadas faz-me recordar uma outra, lenda da Antiga Grécia: o desejo e a queda de Ícaro.
Ícaro era filho de um sublime arquitecto, Dédalo, a quem foi confiada a construção de um labirinto do qual ninguém conseguisse sair.
O rei que o teria encomendado, receoso de que Dédalo pudesse contar a alguém uma forma de sair de lá prendeu-o, a Dédalo e a seu filho Ícaro, no cimo de uma torre construída no centro desse labirinto.
A única forma que Dédalo encontrou para sair do labirinto construído por si próprio foi fazendo umas asas de cera para si e para Ícaro.
No entanto, Ícaro, seduzido pela sua nova capacidade de voar não se contentou em fugir e achou que podia alcançar o Sol.
Quanto mais se aproximava do sol mais a cera das suas asas derretia, até ao ponto em que já não mais suportavam o seu peso.
E assim se iniciou a grande queda de Ícaro pelo abismo que leva em direcção às trevas.
Se para Obama o limite é o céu, é melhor que ele se certifique de que material são feitas as suas asas.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

E se os Padres casassem?




Eis que, num ápice, a questão dos casamentos homossexuais volta a ser assunto. E, neste país de brandos costumes, altos moralismos e confrangedora previsibilidade, sempre que se fala neste assunto já sabemos o que por aí vem: Uma conferência de Bispos, uma declaração do CDS e uma reacção eufórica do lobby gay, usualmente plasmada nas páginas dos jornais de referência.


Assim, a única novidade nesta discussão é que parece que, desta vez, há vontade política em concretizar a intenção de legalizar o casamento homossexual.


No restante, voltam as intenções dos senhores Bispos, clérigos e respeitosos CDS's (seja formalmente ou travestidos em movimentos cívicos e/ou de cidadania) de realização de um referendo, com o único propósito de, sob a base de 20% (ou menos) dos votos dos cidadãos eleitores, adiarem a aprovação desta lei.


Ao mesmo tempo em que assistimos aos arautos da igualdade a radicalizarem o discurso e assumirem este assunto como uma prioridade nacional e uma questão de igualdade suprema.


Assumo que tenho muita dificuldade em discutir esta questão nos termos em que ela se encontra formulada.


Em primeiro lugar, porque temo que a discussão em torno do casamento gay se torne mais numa questão de afirmação de um certo gay pride, do que numa previsão efectiva de igualdade de direitos. Parece-me que se discute mais a possibilidade de um casal gay entrar de véu e grinalda na igreja, do que a garantia às uniões homossexuais dos mesmo direitos conferidos às uniões civis (mesmo aquelas que se materializam em casamentos civis e/ou católicos), como os direitos sucessórios. E, assim, não brinco...


Por outro lado, querer acenar com referendos nesta questão é, pura e simplesmente, procurar chuta-la para canto, adia-la (já que todos sabem que ela será uma realidade mais cedo ou mais tarde), até ao ponto em que, como no aborto, seja insustentável que não olhemos para ela com seriedade. Não acreditando na inocência e na bondade, acredito que, para a Igreja, esta discussão está colocada num plano de afirmação, de poder e de influência que procuram manter. E, neste contexto, vou cometer a heresia de não entrar em campo...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Onde pôr a esperança após o derrube do muro?


Faz hoje 20 anos sobre o derrube do muro de Berlim.
Este acontecimento mudou para sempre o xadrez estratégico mundial.
Depois disso só o ataque às Torres Gémeas a 11 de Setembro de 2001 levou a uma tão grande mudança dos paradigmas da geo-política e da geo-estratégia.
É indiscutível as coisas novas que trouxe para as relações entre os estados, principalmente para aqueles que sofriam directamente com a existência de uma guerra fria pendente sobre as suas vidas.
O muro de Berlim era o símbolo real e concreto de uma divisão e de uma não-convivência entre a democracia e o totalitarismo soviético, entre a afirmação das liberdades individuais e a subjugação do indivíduo ao estado, entre o estado de direito e a supremacia de um estado autoritário.
E neste sentido, o seu derrube simbolizou para muitos a queda de um modo autoritário, totalitarista e repressivo de pensar a sociedade, rendido à afirmação dos direitos e liberdades fundamentais.
Mas terá sido mesmo assim?
Para aqueles homens e mulheres que sentiam na pele a intromissão de um regime comunista e que tinham sede e ânsia de liberdade, como se sentirão 20 anos após o dia que simbolizou a concretização dos seus sonhos?
Terá a grande e desejada vida ocidental cumprido a sua promessa de felicidade?
Será que temos hoje pessoas felizes na ex-RDA?
Será suficiente o derrube de um muro para satisfazer o desejo de liberdade de um ser humano?
Esta reflexão leva-nos à maior pergunta que um homem livre pode fazer-se...
Afinal onde devo eu pôr a minha esperança?

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

De que lado está a intolerância?

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos ordenou a retirada de todos os crucifixos nas salas de aula das escolas públicas italianas.
Não sendo descabido que em locais públicos frequentados por diferentes tipos de pessoas, com culturas diferentes e sensibilidades diferentes, não deva haver sinais de intolerância e de afronta directa contra uma determinada cultura, nisto o Tribunal Europeu tem toda a razão. Principalmente quando a cultura e sensibilidade dominante é imposta, de uma forma autoritária, às pessoas que pensam e vivem de maneira diferente.
Mas pergunto-me, é isso que está a acontecer nas escolas italianas e de toda a europa? A presença dos crucifixos nas paredes corresponde a uma verdadeira intolerância que agride aqueles que pensam de maneira diferente?
Pergunto-me também, será a cultura à qual pertence o crucifixo a actualmente dominante na Europa e da qual se podem esperar os maiores perigos e manifestações de intolerância religiosa?
Pois não só a cultura cristã não é a cultura com mais influência nos legisladores e nas instituições europeias, como tem sido aquela que mais direitos tem perido e mais tem sido atacada na sua natureza.
Por isso não atirem areia para os olhos... a cultura cristã não age neste momento, nem na história recente da Europa, com a intolerância que alguns sectores da sociedade lhe querem atribuir. Ao invés, a Igreja Católica tem agido muitas vezes como parceiro, seja de forma política, cultural ou religiosa, para a promoção da paz, da unidade e da amizade entre os povos.
Se tem havido intolerância é por parte daqueles que querem eliminar de todos os locais públicos os sinais de religiosaidade ainda existentes. Essa intolerância manifesta-se até ao ponto de empurrar para a esfera estritamente privada (em casa e às escondidas) a prática religiosa.
A garantia da liberdade religiosa na Europa é urgente para que tenhamos uma Europa realmente tolerante, que respeita todas as suas culturas e sensibilidades, e que atinja um nível de desenvolvimento cultural tal que não seja necessário perseguir pessoas que acreditam num Deus seja ele qual fôr.
Ou será que as razões que estão por de trás destas tentativas lefgislativas são elas mesmas formas de intolerância religiosa e de imposição cultural por aqueles que professam a não existência de Deus?