sábado, 7 de setembro de 2013

Autárquicas 2013

Muito poderíamos falar sobre o resultado das Autárquicas, as leituras nacionais, as pressões sobre os lideres dos principais partidos e o impacto das candidaturas independentes. Contudo, falaremos apenas dos vencedores, vencidos e dos respectivos discursos.



1. Os derrotados são: o PSD, Luis Filipe Menezes e o Bloco de Esquerda. O Principal partido do Governo não ganha nenhuma das cinco câmaras mais importantes (i.e. Lisboa, Porto, Gaia, Sintra e Oeiras). Um valente cartão amarelo às políticas que têm sido adoptada a nível Nacional. Luis Filipe Menezes perde brutalmente o Porto sem nada acrescentar ao Concelho e a sua sucessão em Gaia ofereceu mais uma derrota ao Partido. Por ultimo o Bloco de Esquerda, perde o que tinha, Salvaterra de Magos e não ganha mais nenhum posto.




2. Os vencedores são: o PS, a CDU, Rui Moreira e António Costa. Inevitavelmente o PS ganha claramente estas eleições. 150 câmaras municipais "pintam-se" de cor-de-rosa é o maior resultado de sempre para um partido numas eleições autárquicas. A CDU resgata o Alentejo e abraça votos de protesto de alguns eleitores, matem-se coerente consigo mesma e fiel aos seus ideais. Rui Moreira, ganha a Camara do Porto, espelha a fragilidade dos Partidos políticos e mostra que o Porto é o município mais bairrista do País. Em Lisboa, António Costa ganha a Camara com o forte contributo do PS mas a maioria alcançada é, claramente, fruto do trabalho desenvolvido.




3. Os discursos. Manuel Pizarro profere o melhor discurso da noite, democrático, coerente, fiel aos eleitores e aparentemente honesto. O Bloco de Esquerda, não soube perder e aponta o dedo à não cobertura por parte dos media à campanha eleitoral. Não saber perder fica mal à esquerda que se diz romântica.




Uma nota para o CDS. Ganha cinco autarquias, mantendo uma, Ponte de Lima. As outras são: Velas, Santana, Albergaria e Vale de Cambra. Paulo Portas inumerou-as salientando que em 2009 só Ponte de Lima figurava no mapa. Mas claro, não sublinhou com a mesma veemência a derrotas das coligações com o irrevogável Parceiro.




Termino com o seguinte comentário, não consigo compreender o que Menezes, Moita Flores e Fernando Seara poderiam trazer de positivo aos concelhos a que se apresentavam como candidatos. Amanhã teremos a esperada entrevista de Rui Rio à SIC.

Grito de Paz


A guerra na Síria atingiu proporções inadmissíveis mesmo quanto aquelas determinadas pelos códigos de guerra: foram utilizadas armas químicas e foram atingidas em larga escala e de forma bárbara populações civis inocentes.

O mundo, atónito, tenta enjeitar uma resposta a tal barbárie mas que, a olhar pelas declarações dos grandes líderes políticos das nações, variam entre optar por não fazer nada, tentando ignorar o acontecido (ou mesmo lançar a dúvida se tenha havido tal ataque), e optar por responder com a violência das armas.

A solução parece passar sempre pela guerra seja pela alimentação de uma guerra civil sem fim onde as nações estrangeiras se perfilam pelo lado do regime ou dos rebeldes conforme os seus interesses estratégicos e económicos seja pela intervenção militar externa lançando para a opinião pública a ideia de uma resolução rápida, cirúrgica e sem perdas para o interventor. Mas à violência segue-se a violência e à guerra segue-se a destruição.

No entanto, no panorama internacional, há uma voz que não se cala e que apresenta uma proposta alternativa. A resposta do Papa Francisco vem em forma de grito e dá como alternativa a Paz: "Queremos um mundo de paz", "Nunca mais a guerra!", "Não é a cultura do confronto, a cultura do conflito, aquela que constrói a convivência nos povos e entre os povos, mas sim esta: a cultura do encontro, a cultura do diálogo".

Faço minhas as palavras do Papa, por isso, peço que não me levem a mal tão grande citação.

"Hoje, queridos irmãos e irmãs, queria fazer-me intérprete do grito que se eleva, com crescente angústia, em todos os cantos da terra, em todos os povos, em cada coração, na única grande família que é a humanidade: o grito da paz! É um grito que diz com força: queremos um mundo de paz, queremos ser homens e mulheres de paz, queremos que nesta nossa sociedade, dilacerada por divisões e conflitos, possa irromper a paz! Nunca mais a guerra! Nunca mais a guerra! A paz é um dom demasiado precioso, que deve ser promovido e tutelado.

Vivo com particular sofrimento e com preocupação as várias situações de conflito que existem na nossa terra; mas, nestes dias, o meu coração ficou profundamente ferido por aquilo que está acontecendo na Síria, e fica angustiado pelos desenvolvimentos dramáticos que se preanunciam.

Dirijo um forte Apelo pela paz, um Apelo que nasce do íntimo de mim mesmo! Quanto sofrimento, quanta destruição, quanta dor causou e está causando o uso das armas naquele país atormentado, especialmente entre a população civil e indefesa! Pensemos em quantas crianças não poderão ver a luz do futuro! Condeno com uma firmeza particular o uso das armas químicas! Ainda tenho gravadas na mente e no coração as imagens terríveis dos dias passados! Existe um juízo de Deus e também um juízo da história sobre as nossas ações aos quais não se pode escapar! O uso da violência nunca conduz à paz. Guerra chama mais guerra, violência chama mais violência.

Com todas as minhas forças, peço às partes envolvidas no conflito que escutem a voz da sua consciência, que não se fechem nos próprios interesses, mas que olhem para o outro como um irmão e que assumam com coragem e decisão o caminho do encontro e da negociação, superando o confronto cego. Com a mesma força, exorto também a Comunidade Internacional a fazer todo o esforço para promover, sem mais demora, iniciativas claras a favor da paz naquela nação, baseadas no diálogo e na negociação, para o bem de toda a população síria." (...)

"Repito em alta voz: não é a cultura do confronto, a cultura do conflito, aquela que constrói a convivência nos povos e entre os povos, mas sim esta: a cultura do encontro, a cultura do diálogo: este é o único caminho para a paz. Que o grito da paz se erga alto para que chegue até o coração de cada um, e que todos abandonem as armas e se deixem guiar pelo desejo de paz."

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Bom Senso

1. O Primeiro-Ministro afirmou que faltou bom senso aos juízes do Tribunal Constitucional, tendo o PSD acrescentado a este propósito que “A interpretação que é feita de alguns princípios constitucionais leva, na nossa óptica, a um imobilismo absoluto e a uma incapacidade reformista do Estado.” Para o PSD e para o Governo o problema não é a constituição mas a sua interpretação. Ora, os juízes do Tribunal Constituicional são os elementos que interpretam a Constituição e consideram, uma vez mais e desta vez por unanimidade, que a proposta apresentada é inconstitucional. Ou seja, a proposta vai contar o estabelecido no documento. Tanto o Governo como o PSD possuem inúmeros conselheiros, gabinetes, comités e comissões que poderiam ter evitado este chumbo. O que nos leva acreditar que este discurso poderá ser uma vitimização. Mas tendo o Executivo jurado cumprir a Constituição e sucessivamente apresenta medidas que a ferem, onde está a falta de bom senso, afinal?


2. O Cheque escola entrará em vigor com o novo Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo. Para o Governo este novo Estatuto consagra “a liberdade de escolha” das famílias e “abandona a preponderância absoluta do papel do Estado”. Liberdade de escolha? Os professores são colocados nas escolas da mesma forma? E os Alunos? As Escolas particulares aceitam todos os alunos com este cheque escola? Existem vagas para todos? A resposta para todas estas questões é a mesma, não! Passamos a ter um modelo de financiamento diferente, existindo uma transferência directa de verbas públicas para o Ensino Particular em que as Escolas Particulares continuam a poder escolher os alunos e o ensino público passa a existir com os restantes. Uma vez mais não me parece que as Escolas Públicas e as direcções regionais tenham sido ouvidas no desenvolvimento de novo Estatuto. Nada será acrescentado à Liberdade de Escolha. Estamos a empobrecer de dia para dia.

3. Li no público de Quarta-Feira um artigo da autoria da Prof. Maria de Fátima Bonifácio intitulado, A insuportável arrogância da esquerda, em que me apercebi que a historiadora transportou para o papel, teclado presumo, uma cólera colossal proveniente de alguns, residuais, comentários à morte do Dr. Antonio Borges, ou até mesmo à inexistência de lamentos e invocações da memoria do falecido por parte de alguns elementos da esquerda. No texto houve ainda espaço, lamentavelmente, para a comparação destas reacções, às proferidas pela esquerda ao falecimento do Dr. Miguel Portas. Este foi o pontapé de saída para descambar num profunda evocação de crime cometidos por regimes de Estaline, Lenine e Trotsky e aos regimes de Cuba e China. Enfim, um banquete. O Dr. Francisco Assis, do PS, escreve um artigo de opinião às quintas-feiras. No ponto 2 desse artigo, A Alemanha e o regresso da política ao espaço público, teve a oportunidade de responder à historiadora lembrando que os motivos que levam um indivíduo a ser comunista em nada não são comparáveis aos que levam outro a ser Nazi. Certamente que a historiadora não esperaria que a esquerda fizesse um comentário elogioso ao percurso do Dr. Antonio Borges, ou que esta se organizasse num pranto. Da mesma forma que reconhece, certamente, que a comparação das reacções da esquerda ao falecimento do Dr. Miguel Portas e ao do Dr. Antonio Borges, são de uma total de bom senso. Aproveitou a oportunidade para descarregar uma ira ideológica. O nosso país está assim povoado, de profetas que não aceitam nem querem aceitar as ideologias dos outros esquecendo-se mesmo dos princípios que as levam a ter essas ideologias. Em 2008, num debate do programa Prós e Contras, chamado Cigarros Apagados, esta Professora Universitária, afirmou que o fumo passivo não faz mal, nem era causa de morte. Imediatamente o Prof. Constantino Sakellarides, da Escola Nacional de Saúde Pública, disse-lhe que existia bastante literatura sobre o assunto e comprovada evidência científica. Sublinha-se outra vez a falta de bom senso.